Fita de 52 anos pode conter a única cópia conhecida do UNIX V4
- Orlando Santos Cyber Security Brazil
- há 24 minutos
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Uma fita magnética armazenada há mais de cinco décadas na Universidade de Utah pode conter uma das relíquias mais importantes da história da computação: a única cópia conhecida do UNIX V4, versão lançada em 1973 pelos laboratórios Bell. O achado foi revelado pelo professor Robert Ricci, da Kahlert School of Computing, em uma postagem na rede Mastodon.
Durante a limpeza de uma antiga sala de armazenamento, a equipe de TI encontrou um reel de nove trilhas com uma etiqueta manuscrita indicando “UNIX Original From Bell Labs V4 (See Manual for format)”. Segundo Ricci, a caligrafia é de Jay Lepreau, seu antigo orientador e pesquisador renomado, falecido em 2008. O conteúdo será entregue ao Computer History Museum (CHM), em Mountain View, Califórnia, para um processo de recuperação digital especializado.
A descoberta é considerada extraordinária porque o UNIX V4 foi a primeira versão do sistema operacional em que o núcleo (kernel) e várias ferramentas essenciais foram reescritas na linguagem C, um marco que influenciou todos os sistemas modernos — de Linux a macOS e Android. Até então, acreditava-se que apenas fragmentos do código-fonte e manuais de 1973 haviam sobrevivido, o que tornava o V4 praticamente perdido na história.
Segundo Ricci, investigações conduzidas por um estudante de pós-graduação identificaram que a fita foi originalmente enviada pela AT&T ao pesquisador Martin Newell, criador do icônico “Utah Teapot”, símbolo da computação gráfica usado em renderizações 3D e até como protetor de tela no Windows NT. O artefato, portanto, conecta dois marcos históricos — a evolução do UNIX e o nascimento da computação gráfica moderna.
O processo de recuperação ficará sob a responsabilidade de Al Kossow, arquivista do CHM e fundador do projeto Bitsavers, reconhecido por preservar softwares históricos. Ele detalhou que a leitura da fita será feita com uma configuração especial de conversão analógica-digital, capaz de processar cerca de 100 gigabytes de dados brutos em memória RAM, antes de utilizar um software de análise desenvolvido por Len Shustek, também do museu.
“Essa fita é rara o suficiente para estar entre as minhas maiores prioridades de recuperação”, afirmou Kossow. O transporte até o museu será feito por um membro da equipe da Universidade de Utah, que optou por dirigir as 771 milhas até a Califórnia para garantir a integridade da fita, evitando riscos de danos durante o envio postal.
Caso a recuperação seja bem-sucedida, os especialistas esperam preservar digitalmente o UNIX V4 e torná-lo acessível para pesquisadores e historiadores da computação, consolidando um dos capítulos mais importantes da evolução dos sistemas operacionais.
Via - TR



