China aposta em IA e autonomia tecnológica para impulsionar nova geração industrial
- Cyber Security Brazil
- há 1 dia
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A China está se preparando para dar um novo salto estratégico em tecnologia e inovação com a formulação do seu 15º Plano Quinquenal (2026–2030). As recomendações, divulgadas em 28 de outubro de 2025 pelo Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCC), colocam como objetivo central “avanços substanciais na autossuficiência e na força científica e tecnológica”, reforçando a busca do país por independência tecnológica e segurança econômica em um cenário global cada vez mais instável.
Os planos quinquenais chineses funcionam como verdadeiros guias de longo prazo para a economia, influenciando alocação de capital, subsídios, reformas estruturais e prioridades industriais. Nos últimos ciclos, Pequim vem promovendo uma transição clara: sair de um modelo baseado em crescimento acelerado e extensivo para outro focado em qualidade, resiliência e tecnologia. O próximo plano deve aprofundar essa mudança, com estratégias baseadas em ecossistemas, uso da inteligência artificial como infraestrutura e orçamentos industriais mais criteriosos, priorizando ganhos de produtividade em vez de simples expansão de escala.
Essa recalibração estratégica responde a desafios internos e externos, como retorno decrescente de investimentos, envelhecimento da população e maior incerteza geopolítica. Embora a continuidade das políticas seja uma marca do planejamento chinês, o novo plano reforça a centralidade da autossuficiência tecnológica, especialmente em setores considerados críticos para o futuro do país.
No centro dessa estratégia está a aceleração da inovação em indústrias emergentes estratégicas, como inteligência artificial, semicondutores, energia verde, manufatura avançada e biotecnologia. O governo chinês deve recorrer a um “novo tipo de sistema nacional” para enfrentar gargalos em cadeias de suprimento, principalmente em semicondutores avançados, componentes de alto valor e materiais críticos. Essa abordagem busca reduzir riscos geopolíticos e estimular a combinação entre conhecimento fundamental e aplicado, sustentando a inovação de longo prazo.
A aplicação ampla da IA em setores como manufatura, logística, saúde e serviços ao consumidor também ganha destaque. O ecossistema chinês de IA, apoiado por superapps e pela rápida adoção de soluções nativas de inteligência artificial, é visto como um diferencial para aumentar a eficiência econômica e compensar pressões demográficas.
Esse movimento se apoia em bases construídas ao longo das últimas décadas. A industrialização chinesa foi marcada por reformas orientadas ao mercado, integração global e uma abordagem pragmática baseada em adaptação local e experimentação. Políticas industriais tiveram papel central ao acelerar o progresso tecnológico, com forte ênfase no conhecimento prático o “como fazer” permitindo ao país reduzir rapidamente a distância em relação às economias mais avançadas.
Hoje, a China responde por cerca de 30% do valor agregado da manufatura global e deixou para trás o estigma de produção de baixo custo. O país se tornou líder em setores de alto valor, como veículos elétricos, baterias e robótica. Em 2023, concentrou 46% das vendas globais de veículos elétricos, com empresas como CATL e BYD dominando a cadeia de baterias. Políticas públicas, como subsídios, incentivos fiscais e investimentos em P&D, aceleraram a expansão da automação industrial e da manufatura inteligente.
Mesmo diante de restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de chips avançados, a China continua avançando em IA por meio de eficiência algorítmica, modelos open source e inovação orientada a aplicações. O surgimento de modelos como o DeepSeek ilustra a capacidade chinesa de desenvolver soluções de IA de alto desempenho e baixo custo. Em robótica, o país já é o maior mercado mundial e caminha para liderar a próxima geração de robôs, incluindo humanoides, que podem representar cerca de 30% do estoque global até 2050.
Na biotecnologia, a evolução também é acelerada. A China vem reduzindo rapidamente a diferença em relação aos líderes globais, com avanços em áreas como anticorpos conjugados a fármacos. Projeções indicam que, até 2040, ativos originados na China podem representar 35% das aprovações da FDA dos EUA, contra apenas 5% atualmente.
O próximo ciclo de desenvolvimento industrial chinês será fortemente impulsionado pela IA. A tecnologia passa a ser vista como um elemento transversal da economia real, promovendo ganhos de produtividade, novos modelos de negócio e modernização de setores tradicionais. Sustentada por data centers, energia limpa e investimentos robustos, a China se posiciona para liderar a próxima onda de transformação digital e industrial.
Via - CGTN







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