Reino Unido desiste de exigir acesso a dados criptografados do iCloud, diz diretora de inteligĂȘncia dos EUA
- Cyber Security Brazil
- hĂĄ 1 hora
- 2 min de leitura

O governo do Reino Unido teria recuado em uma polĂȘmica exigĂȘncia legal que visava Ă Apple, de acordo com uma declaração da diretora de InteligĂȘncia Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard. A notĂcia, que ganhou destaque em uma postagem de Gabbard nas redes sociais, sugere o fim de um embate entre o governo britĂąnico e a gigante de tecnologia sobre o acesso a dados criptografados de seus usuĂĄrios.
Segundo Gabbard, o Reino Unido "concordou em desistir de seu mandato para que a Apple fornecesse uma 'porta dos fundas' que permitiria o acesso aos dados criptografados de cidadĂŁos americanos e violaria nossas liberdades civis". O anĂșncio marca um possĂvel desfecho para uma disputa que se arrastou por meses, levantando questĂ”es sobre privacidade, segurança e a soberania de dados internacionalmente.
Em fevereiro, veio Ă tona que o governo britĂąnico havia ordenado que a Apple concedesse acesso a contas do iCloud criptografadas por meio de um Technical Capability Notice (TCN). Autoridades em Westminster tĂȘm se recusado a confirmar ou negar a emissĂŁo de tal ordem, mas a reação foi imediata, com crĂticas de grupos de privacidade e defensores dos direitos civis que a chamaram de âporta dos fundasâ.
Apesar da polĂȘmica, o governo britĂąnico sempre contestou a caracterização de "porta dos fundas". Um porta-voz oficial explicou na terça-feira que, sob os acordos legais existentes, as forças de segurança britĂąnicas nĂŁo podem ter como alvo cidadĂŁos dos EUA em qualquer lugar do mundo ou qualquer pessoa localizada dentro do prĂłprio territĂłrio americano.
Essa nota legal nĂŁo criaria uma capacidade para as autoridades acessarem o conteĂșdo das contas do iCloud de forma sorrateira, como o termo âporta dos fundasâ sugere. Em vez disso, a medida simplesmente forçaria a Apple a manter a capacidade de responder a mandados judiciais que buscassem esse conteĂșdo. O problema surgiu quando a Apple, em 2023, introduziu o recurso Proteção Avançada de Dados (ADP), que criptografou backups na nuvem, tornando-os visĂveis apenas nos dispositivos dos usuĂĄrios.
Em resposta Ă notificação legal, a Apple desativou o ADP para seus usuĂĄrios no Reino Unido, efetivamente cumprindo com a ordem. AtĂ© o momento, a empresa nĂŁo se pronunciou sobre a intenção de reativar o recurso para o pĂșblico britĂąnico.
A Apple tentou desafiar a ordem do governo no Investigatory Powers Tribunal, o Ășnico tribunal no paĂs que pode ouvir casos de segurança nacional. O caso da empresa Ă© apoiado por grupos de direitos civis britĂąnicos, incluindo a Privacy International, que nĂŁo recebeu atualizaçÔes sobre o andamento do processo.
Em nota, um porta-voz do governo britĂąnico afirmou que hĂĄ "acordos de segurança e inteligĂȘncia com os EUA para combater ameaças graves como terrorismo e abuso sexual infantil, incluindo o papel desempenhado pela tecnologia em rĂĄpida evolução na habilitação dessas ameaças".
O porta-voz acrescentou que esses acordos contĂȘm salvaguardas que protegem a privacidade e a soberania, como o Data Access Agreement, que impede que o Reino Unido e os EUA tenham como alvo os dados dos cidadĂŁos uns dos outros.
A declaração reforça o compromisso do governo em "continuar a manter uma estrutura de segurança forte para garantir que possamos continuar a perseguir terroristas e criminosos sĂ©rios operando no Reino Unido" e que "sempre tomarĂĄ todas as açÔes necessĂĄrias a nĂvel domĂ©stico para manter os cidadĂŁos do Reino Unido seguros".
Via - TR