Projeto do IETF propõe tornar IPv6 um padrão para servidores DNS com o objetivo de acelerar o Fim do IPv4
- Orlando Santos Cyber Security Brazil
- 21 de ago.
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Dois pesquisadores de redes propuseram à Internet Engineering Task Force (IETF) — a organização que define os padrões da internet — que o suporte a IPv6 seja considerado uma "melhor prática" obrigatória para operadores de servidores DNS (Domain Name System). Um dos autores do projeto espera que a adoção da ideia acelere a substituição do IPv4 pelo IPv6.
A proposta foi redigida por Momoka Yamamoto, do consórcio de pesquisa WIDE Project, e Tobias Fiebig, do Max-Planck-Institut für Informatik. No documento, eles destacam que, embora as discussões sobre o IPv6 tenham começado há décadas, a tecnologia ainda não foi universalmente adotada. Uma das consequências disso é que alguns servidores DNS ainda operam apenas com IPv4 e podem ter dificuldades para resolver nomes de domínio para dispositivos e redes que utilizam exclusivamente o IPv6.
Essa situação, por sua vez, perpetua um ciclo vicioso, pois os sites não se sentem incentivados a adotar o IPv6, mantendo o mundo dependente do IPv4.
Os pesquisadores afirmam que isso representa um desafio para os servidores DNS, que podem "encontrar nomes para os quais as consultas devem ser direcionadas a servidores DNS autoritativos com os quais eles não compartilham uma versão de IP durante o processo de resolução de nome".
A atual "melhor prática" do IETF, a RFC3901 de 2004, exige que os servidores DNS implementem o IPv4, mas deixa o IPv6 como uma opção. A data da RFC serve como um lembrete de sua antiguidade, já que foi criada em uma época em que a Sun Microsystems — empresa onde um de seus autores trabalhava — ainda era independente.
O IPv4 cria mais problemas do que soluções
Tobias Fiebig conduziu uma pesquisa sobre o impacto da obrigatoriedade do IPv6 para servidores DNS e não encontrou consequências negativas. Seus resultados serão publicados em breve em um artigo intitulado "'How I learned to stop worrying and love IPv6': Measuring the Internet’s Readyness for DNS over IPv6" ("Como aprendi a parar de me preocupar e amar o IPv6': Medindo a prontidão da internet para DNS sobre IPv6"), em coautoria com a colega Anja Feldmann.
Fiebig acredita que exigir que os servidores DNS usem IPv6 pode ajudar a reduzir o uso do IPv4, um protocolo que, segundo ele, cria mais problemas do que soluções.
"A internet, como uma das maiores peças de tecnologia feitas pelo homem, deveria trabalhar para um futuro melhor para todos. No entanto, com a acumulação de valor percebido para os endereços IPv4 devido à sua escassez, vários atores veem o IPv4 como um 'ativo' para gerar 'lucro'", disse Fiebig.
Ele acrescenta que alguns desses atores "estão atacando ativamente os princípios multi-stakeholder da internet para melhorar sua posição de investimento".
Fiebig argumenta que isso está em conflito com a construção de um mundo melhor para todos, pois ter o recurso escasso do IPv4 como um pré-requisito para participar da internet global cria uma barreira fiscal desnecessária.
A escassez também promove a centralização e afeta negativamente as economias emergentes, movimentos de base e pequenas comunidades.
Se o projeto de Fiebig e Yamamoto levar mais operadores de servidores DNS a adotar o IPv6, impulsionando a adoção mais ampla do protocolo e diminuindo a dependência do IPv4, Fiebig afirma que ficará satisfeito. Ele também destacou o papel fundamental de Momoka Yamamoto na proposta, dizendo que "sem ela, isso não teria ido a lugar nenhum".
Via - TR







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