Guerra comercial por baterias ameaça o futuro dos datacenters
- Orlando Santos Cyber Security Brazil
- há 2 horas
- 2 min de leitura

O avanço da inteligência artificial está impulsionando uma nova corrida energética: a adoção de sistemas de armazenamento de energia por baterias (BESS, na sigla em inglês) em datacenters. Segundo um relatório da consultoria financeira Jefferies, a expectativa é que esses sistemas somem 20 gigawatts de capacidade instalada na próxima década, tornando-se componentes essenciais na infraestrutura dos grandes provedores de nuvem — os chamados hyperscalers.
De acordo com o estudo, as empresas que constroem megacentros de dados estão cada vez mais integrando soluções de conexão à rede elétrica e geração de energia independente (behind-the-meter), usando o BESS como peça-chave para gerenciar cargas de forma flexível, acelerar conexões e garantir energia de backup em formato redundante. Além de apoiar a operação dos datacenters, esses sistemas oferecem uma alternativa limpa ao uso de geradores a diesel e se beneficiam da crescente demanda por energia, impulsionada também pela expansão dos veículos elétricos.
O relatório observa que o armazenamento por baterias é uma das poucas tecnologias livres de carbono que podem prosperar mesmo sob um eventual governo republicano nos Estados Unidos. Entretanto, há um desafio geopolítico no horizonte: as opções mais competitivas em custo e desempenho vêm da China. Fabricantes como CATL e Sungrow são apontados como líderes em densidade e eficiência energética, além de oferecerem preços significativamente menores em relação às empresas americanas — o que torna a escolha dessas soluções politicamente delicada.
Embora o governo norte-americano ofereça créditos fiscais de 40% a 50% para sistemas produzidos internamente, o incentivo muitas vezes não compensa a diferença de preço. Ainda assim, empresas como Tesla e Fluence Energy aparecem como alternativas domésticas, especialmente em estados e concessionárias que evitam fornecedores chineses por questões de segurança cibernética. A Tesla, com seus sistemas Megapack e o recém-anunciado Megablock, é vista como a mais bem posicionada para atender datacenters voltados a aplicações de IA — como o campus da xAI, no Tennessee, que planeja instalar cerca de 655 MWh de armazenamento da marca.
A Jefferies prevê um crescimento moderado em 2026 devido às restrições da política Foreign Entity of Concern (FEOC) e às tarifas que elevaram impostos sobre baterias chinesas para mais de 150%. Porém, a demanda por infraestrutura energética deve disparar a partir de 2027, acompanhando o ritmo acelerado de expansão dos datacenters de IA ao redor do mundo.
Via - TR







Comentários