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Como uma senha ruim acabou com um negócio de 158 anos

  • Foto do escritor: Orlando Santos Cyber Security Brazil
    Orlando Santos Cyber Security Brazil
  • 24 de set.
  • 3 min de leitura

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Uma senha fraca foi o golpe fatal para a KNP Logistics Group, uma renomada empresa britânica de transporte de cargas com 158 anos de história. O que parecia improvável, se concretizou: um ataque de ransomware, impulsionado por uma falha de segurança básica, não apenas paralisou a empresa, como a levou à falência em poucas semanas, deixando 700 funcionários desempregados.


Fundada em 1867, a KNP (antiga Knights of Old) era um modelo de resiliência. Sua frota de 500 caminhões operava por todo o Reino Unido, adaptando-se e prosperando por mais de um século e meio. Contudo, essa longevidade não a protegeu de uma ameaça contemporânea e cada vez mais comum. Em junho de 2025, o grupo hacker Akira encontrou uma porta aberta: uma senha de funcionário tão simples que foi facilmente adivinhada, dispensando táticas de phishing sofisticadas ou exploits complexos.


A invasão revelou a fragilidade das defesas cibernéticas da empresa. Os hackers do Akira não apenas criptografaram dados, mas também destruíram os backups e os sistemas de recuperação de desastres da KNP, eliminando qualquer possibilidade de a empresa se reerguer sem ceder à extorsão. O resgate exigido foi de cerca de £ 5 milhões, um valor que a empresa não tinha. A equipe de crise cibernética contratada pela seguradora descreveu o cenário como "o pior possível", e a KNP foi à recuperação judicial, fechando as portas.


Este caso serve de alerta mundial: uma única falha de segurança pode ter consequências catastróficas. A história da KNP ressalta a vulnerabilidade de empresas, independentemente do seu tamanho ou tempo de mercado. Pesquisas internacionais, como a da Kaspersky, mostram que 45% das senhas comprometidas podem ser quebradas em menos de um minuto. A ausência de uma medida simples, como a autenticação multifator (MFA), somada à falta de uma política de senhas robusta, foi o que permitiu que um único invasor derrubasse uma organização inteira.


O colapso da KNP demonstra que os ataques de ransomware geram consequências que se estendem para além da perda financeira imediata. O incidente resultou na perda de 700 empregos, desmantelou uma empresa com quase dois séculos de história e afetou a economia da região de Northamptonshire. Mesmo para as empresas que sobrevivem, o dano à reputação, o escrutínio de clientes e reguladores e as responsabilidades legais podem ser irreparáveis.


A KNP é mais uma vítima em meio a uma crescente onda de ataques. Segundo dados do governo britânico, cerca de 19 mil empresas no Reino Unido sofreram com o ransomware no último ano, incluindo varejistas de grande porte como M&S, Co-op e Harrods. A facilidade com que esses ataques são realizados se deve, em parte, à ascensão do "Ransomware as a Service" (RaaS), plataformas que permitem que até mesmo criminosos com pouca habilidade técnica executem ataques de alto impacto, muitas vezes explorando falhas básicas como senhas fracas.


O desastre da KNP reforça que os controles de segurança cibernética não são um luxo, mas uma necessidade. Para construir defesas eficazes, as empresas devem:

  • Implementar políticas de senhas fortes: A primeira linha de defesa é exigir senhas complexas e de difícil quebra, além de usar ferramentas que detectem credenciais comprometidas.

  • Habilitar a autenticação multifator (MFA): A MFA adiciona uma camada essencial de proteção, impedindo o acesso não autorizado mesmo que uma senha seja adivinhada.

  • Adotar uma arquitetura de Confiança Zero e controles de privilégio mínimo: Essas abordagens limitam o que um invasor pode fazer dentro da rede, garantindo que uma única conta comprometida não abra as portas para toda a infraestrutura.

  • Realizar testes de backup regularmente: Backups isolados e procedimentos de restauração testados são a última esperança de sobrevivência de uma empresa após um ataque de ransomware.


O investimento em segurança cibernética hoje é infinitamente menor do que o custo de reconstruir um negócio do zero, uma possibilidade que pode nem mesmo existir.


Via - THN

 
 
 

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