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Cibersegurança em crise? Empresas reduzem vagas e apostam em IA

  • Foto do escritor: Cyber Security Brazil
    Cyber Security Brazil
  • 3 de mar.
  • 3 min de leitura

Vagas fantasmas, IA ineficaz na seleção – Empresas precisam alinhar expectativas com profissionais de segurança, dizem especialistas


O setor de cyber security nos Estados Unidos, que por anos foi considerado uma das áreas mais aquecidas do mercado de tecnologia, está passando por uma desaceleração. Embora ainda existam escassez de talentos em nichos específicos, alguns especialistas acreditam que há um excesso de profissionais generalistas competindo por vagas.


A cada ano surgem novos alertas sobre a falta de talentos em segurança – um dos primeiros registros dessa preocupação data de 2009. No entanto, cada vez mais profissionais relatam dificuldades até mesmo para conseguir entrevistas.


Mary McHale, consultora de carreiras do programa de Mestrado em Cibersegurança da Universidade de Berkeley, afirmou:"Quando comecei, brincava dizendo que se você soubesse soletrar ‘cibersegurança’, já conseguia uma entrevista. Agora, muita coisa mudou."

Durante a pandemia de COVID-19, houve um aumento massivo na contratação de profissionais de segurança, seguido por cortes abruptos, com empresas percebendo que haviam contratado além da necessidade. Como resultado, muitos especialistas foram demitidos e passaram a competir por vagas em outras áreas, tornando o mercado mais concorrido.


Além disso, a chegada de novas ferramentas de IA no recrutamento tem prejudicado candidatos. Algoritmos automatizados analisam currículos e muitos profissionais não sabem como otimizar suas informações para conseguir avançar no processo seletivo. O problema se agrava com a presença de "vagas fantasmas" – anúncios de empregos que não existem de fato, criados para dar a impressão de crescimento ou pressionar funcionários internos a se manterem produtivos.


Dados do Cyber Seek, uma parceria entre o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA (NIST), a CompTIA e a consultoria Lightspeed, mostram que o número de vagas na área de segurança atingiu seu pico em 2022 e, desde então, a quantidade de profissionais empregados se estabilizou. As habilidades mais demandadas atualmente estão relacionadas à governança e supervisão, favorecendo candidatos com mais experiência.


Embora essa realidade ainda não esteja refletida com a mesma intensidade no Brasil, o país pode eventualmente enfrentar desafios semelhantes. Com o crescimento da adoção de tecnologias avançadas e o uso crescente da inteligência artificial em processos seletivos, é possível que o mercado brasileiro também experimente um aumento na concorrência por vagas e dificuldades para novos profissionais ingressarem na área.


Certificações ainda são importantes, mas experiência pesa mais


Mary McHale destacou que, embora a experiência na área seja o principal critério para empregadores, certificações ainda desempenham um papel importante para driblar os filtros automáticos de recrutamento. Certificações como CompTIA Security+ e CISSP (Certified Information Systems Security Professional) são praticamente obrigatórias para que um currículo seja considerado em processos seletivos de cibersegurança. No entanto, no momento da entrevista, o que mais conta é a experiência prática e a formação acadêmica formal.


Segundo Andy Woolnough, vice-presidente do ISC2 (International Information System Security Certification Consortium), os profissionais que ingressam na área priorizam a obtenção de um diploma de bacharel ou pós-graduação antes de buscar certificações. Apenas 4% dos entrevistados conseguiram seu primeiro emprego por meio de estágios e, surpreendentemente, nenhum dos mais de 7.000 participantes da pesquisa ingressou na área através de programas de aprendizado.


Woolnough criticou a tendência das empresas de exigir ampla experiência sem oferecer salários compatíveis, o que afasta candidatos qualificados. Ele sugeriu que equipes de RH trabalhem junto com especialistas em segurança para definir requisitos mais realistas ao contratar novos membros.


Embora a demanda por profissionais de cibersegurança ainda exista, cortes de orçamento têm mudado os padrões de contratação, com muitas empresas apostando na IA como alternativa para suprir lacunas nas equipes de segurança. Segundo um levantamento do ISC2, nove em cada dez empresas relataram que suas equipes de segurança são incompletas e apresentam falhas de habilidades em algumas áreas.


A incerteza sobre o impacto da IA no setor faz com que gestores evitem contratações especializadas, preferindo profissionais generalistas que possam atuar em múltiplas frentes. Além disso, para cargos de nível júnior, as habilidades mais valorizadas nem sempre são técnicas, mas sim pensamento analítico, resolução de problemas e comunicação, que podem ser adquiridas fora do setor de cibersegurança.


No Brasil, esse cenário pode se desenhar de forma semelhante. Com o crescimento da digitalização, a demanda por profissionais de segurança ainda é alta, mas pode enfrentar desafios no futuro devido a cortes de orçamento, exigências irreais das empresas e o impacto crescente da inteligência artificial na triagem de candidatos.


Via - TR

 
 
 

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