China inaugura "campos de treinamento" gigantescos para acelerar a corrida de robôs humanoides

A China está mobilizando esforços maciços para superar os Estados Unidos na corrida pelo desenvolvimento de robôs humanoides avançados. A estratégia mais recente e ambiciosa do país envolve o envio de seus protótipos para vastos "campos de treinamento" projetados especificamente para gerar dados em escala industrial.

Cidades chinesas estão inaugurando enormes bases de treinamento de robótica humanoide, que submetem os robôs a uma diversidade de cenários práticos e coletam dados essenciais para que os fabricantes acelerem o desenvolvimento de seus produtos.

A maior dessas instalações, localizada no distrito de Shijingshan, em Pequim, cobre uma área impressionante de mais de 10.000 metros quadrados e está programada para gerar mais de 6 milhões de pontos de dados anualmente, conforme anunciado pelo governo local na última quinta-feira.

As bases de treinamento foram concebidas para resolver a "atual escassez de dados" que, segundo o governo, tem prejudicado a indústria nacional de robótica. Atualmente, a China e os EUA são os principais pioneiros na emergente indústria de humanoides, que visa criar máquinas com corpos semelhantes aos humanos, capazes de substituir trabalhadores em ambientes variados, desde linhas de montagem fabris até centros de atendimento a idosos.

O centro de Pequim oferece 16 cenários específicos de treinamento, simulando com precisão ambientes como uma fábrica, um ponto de venda, um centro de atendimento a idosos e uma casa inteligente. Anteriormente, as empresas de robótica coletavam dados de forma isolada, resultando em qualidade inconsistente. O novo modelo permitirá a geração padronizada e em larga escala de informações, fornecendo dados de alta qualidade a custos significativamente mais baixos.

Essa iniciativa faz parte de um amplo esforço das autoridades chinesas para nutrir uma indústria de robôs humanoides que seja líder mundial. Empresas domésticas chinesas estão competindo diretamente com rivais americanas de peso, como o Optimus da Tesla, para lançar robôs em escala comercial.

A urgência do investimento chinês é sublinhada pela recente definição de "inteligência incorporada" — referindo-se à inteligência artificial integrada em máquinas físicas, como robôs — como uma indústria futura fundamental pelo governo central em março.

Em sintonia com essa diretriz, a China tem sediado eventos de alto nível para demonstrar seus avanços, com humanoides participando de exibições notórias, como uma meia maratona, uma luta de kickboxing e uma apresentação de dança no popular Festival de Gala da Primavera.

No final de agosto, Pequim também emitiu diretrizes para promover a implantação de dispositivos com tecnologia de IA em amplos setores da economia, estabelecendo a meta ambiciosa de aumentar o nível de adoção para mais de 90% até 2030. O documento incluiu medidas para garantir o fornecimento de dados de alta qualidade e a construção de uma série de centros nacionais de testes para aplicações de IA.

Governos locais em todo o país, incluindo Zhejiang, Shandong, Anhui e Henan, têm respondido ao chamado, construindo suas próprias bases de treinamento em colaboração com a instalação de Pequim. Xangai, por exemplo, anunciou que uma base de treinamento de robôs iniciaria os testes de campo até o final do mês. Com esse ritmo acelerado, o mercado de robótica da China deverá saltar de US$ 47 bilhões em 2024 para cerca de US$ 108 bilhões até 2028, consolidando o país como uma potência no setor, segundo relatório do Morgan Stanley.

Via - SCMP