Chefe da inteligência australiana alerta: regimes autoritários estão prontos para cometer sabotagens cibernéticas de alto impacto
- Orlando Santos Cyber Security Brazil
- 13 de nov.
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O diretor-geral da Organização Australiana de Inteligência de Segurança (ASIO), Mike Burgess, fez um alerta contundente sobre a crescente disposição de regimes autoritários em realizar sabotagens cibernéticas contra infraestruturas críticas. Durante um discurso na conferência anual da Comissão Australiana de Valores Mobiliários e Investimentos (ASIC), Burgess afirmou que governos estrangeiros estão desenvolvendo capacidades avançadas para atacar redes de telecomunicações, sistemas elétricos, abastecimento de água e instituições financeiras, com potencial para causar danos devastadores.
“Esses cenários não são hipotéticos”, afirmou Burgess, referindo-se aos recentes apagões nas redes de telecomunicações do país, um dos quais teria contribuído para três mortes. “Imagine se um Estado-nação desligasse todas as redes, cortasse a energia durante uma onda de calor ou contaminasse a água potável. Estamos falando de consequências catastróficas.” Segundo ele, governos estrangeiros estão formando equipes de elite para estudar e testar tais possibilidades, tornando a sabotagem digital uma ameaça iminente.
O chefe da ASIO citou os grupos hackers Salt Typhoon e Volt Typhoon, ligados ao governo chinês, como exemplos claros dessa ameaça. O primeiro, segundo Burgess, atua com foco em espionagem e coleta de informações, enquanto o segundo estaria posicionando acessos em redes de infraestrutura crítica nos Estados Unidos com potencial para “desligar comunicações e outros serviços essenciais”.
Burgess confirmou que a ASIO também detectou tentativas de invasão semelhantes em redes australianas, advertindo que, uma vez obtido o acesso, “o que vem a seguir é apenas uma questão de intenção, não de capacidade”.
Ele alertou que o avanço da inteligência artificial e a comercialização de ferramentas de ataque disponíveis para compra na internet estão facilitando o acesso de regimes autoritários a recursos sofisticados de sabotagem. “Esses Estados estão mais dispostos a agir de forma agressiva e irresponsável, engajando-se em atividades que chamamos de ‘alto impacto’”, afirmou.
Além da ameaça externa, Burgess criticou a negligência das empresas australianas na gestão de riscos cibernéticos. Ele afirmou que “quase todos os incidentes de segurança envolvem problemas conhecidos com soluções conhecidas” e apontou a complacência e a má governança corporativa como fatores críticos. “Se os riscos são previsíveis e as vulnerabilidades são conhecidas, não há desculpa para não agir. Complexidade não é justificativa”, declarou.
O diretor da ASIO instou os conselhos administrativos e executivos a adotarem uma abordagem integrada e proativa de segurança, compreendendo quais sistemas e dados são vitais para suas operações e clientes.
“A boa segurança é uma teia conectada, não um conjunto de silos isolados com abismos entre eles”, disse, ressaltando que a proteção das infraestruturas críticas do país depende tanto da prevenção corporativa quanto da cooperação entre governo e setor privado.
Via - TR







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