Alibaba lança plano de IA de US$ 53 bilhões com expansão internacional, mas embargos dos EUA ameaçam suprimento de chips cruciais
- Orlando Santos Cyber Security Brazil
- 28 de set.
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A gigante chinesa Alibaba revelou esta semana um ambicioso plano de investimento em Inteligência Artificial (IA) no valor de US$ 53 bilhões, que inclui a reformulação de sua linha de Modelos de Linguagem Grande (LLM) e a construção de novos data centers de IA na Europa e outras regiões. No entanto, a iniciativa levanta uma série de questionamentos sobre a viabilidade de tamanha expansão em um cenário de tecnologia mundial cada vez mais fragmentado e com recursos críticos, como os chips de IA, cada vez mais escassos devido às restrições impostas pelos Estados Unidos.
Na conferência Apsara, realizada em Hangzhou, China, o Alibaba detalhou a mais recente iteração de seu LLM, o Qwen3-Omni, capaz de processar e gerar texto, imagens, áudio e vídeo.
O aspecto mais significativo é sua disponibilidade sob a licença Apache 2.0, o que o torna uma opção atraente para empresas que buscam evitar a dependência dos ecossistemas de grandes players como o ChatGPT. Contudo, o grande anúncio foi a estratégia de infraestrutura: o Alibaba planeja uma rede de data centers de IA abrangendo o Oriente Médio, Europa, Sudeste Asiático e América Latina, com um investimento de US$ 53 bilhões em três anos. A empresa, que já possui 91 zonas de disponibilidade em 29 regiões mundiais, incluindo Londres e Alemanha, planeja seus primeiros data centers na Holanda, França e Brasil.
Dr. Feifei Li, pesquisador de banco de dados do Alibaba, declarou que a "expansão estratégica de infraestrutura global foi projetada para atender à demanda crescente de clientes com visão de futuro."
A proximidade com a demanda é crucial para a competição internacional. Neal Riley, Líder de Inovação em IA do Adaptavist Group, observa que, assim como a competição por modelos de IA se intensificou, o mesmo ocorrerá com os provedores de infraestrutura.
O Alibaba pretende oferecer um conjunto completo de serviços nos novos data centers europeus, desde serviços de nuvem padrão e computação elástica até análise de big data, aprendizado de máquina e IA, incentivando empresas com ofertas como 2 bilhões de tokens gratuitos e até US$ 120.000 em créditos de nuvem.
No entanto, um obstáculo significativo paira sobre os planos do Alibaba: o acesso a GPUs da Nvidia. Como entidade chinesa, a empresa está impedida por Washington de adquirir os chips de ponta da Nvidia. Enquanto os EUA pressionam a Nvidia a vender seus chips H20 para a China, Pequim teria instruído as empresas chinesas a não utilizarem esses mesmos chips.
A alternativa para o Alibaba pode ser sua própria divisão, a T-Head, que agora é considerada capaz de competir com o H20. A questão é se o Alibaba oferecerá seus próprios chips aos consumidores europeus, em vez das peças da Nvidia que os governos europeus anseiam para impulsionar a capacidade de IA do continente. O Alibaba não se pronunciou sobre o assunto.
A complexidade aumenta com a questão da soberania dos dados. Governos e clientes europeus estão cada vez mais apreensivos com a possibilidade de Washington ter acesso a instalações europeias de provedores de nuvem e aos dados ali armazenados, como evidenciado pela Microsoft França, que não pôde garantir que dados de cidadãos franceses não seriam transmitidos ao governo americano sem consentimento explícito. Por outro lado, as autoridades chinesas também exercem pressão sobre os operadores de nuvem.
Resta saber se os governos da UE e de outros países verão os planos do Alibaba como um impulso à sua autonomia tecnológica ou como uma ameaça que tentarão impedir. Embora os protocolos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) da UE possam ser acionados para infraestrutura nacional crítica, o Alibaba pode contornar isso ao operar data centers em instalações de operadoras especializadas, como já faz com a Vodafone na Alemanha.
A ausência do Reino Unido nos planos iniciais de expansão, apesar de já abrigar um data center do Alibaba, pode refletir preocupações de segurança nacional, especialmente após o recente acordo comercial de US$ 42 bilhões entre o Reino Unido e os EUA, que inclui 120.000 GPUs da Nvidia.
Via - TR







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