O básico de ZTNA que você precisa saber
- Cyber Security Brazil
- 9 de fev.
- 7 min de leitura

Nos últimos anos, principalmente depois da pandemia, o ZTNA, ou mais comummente conhecido Zero Trust Network Access, se tornou um dos conceitos mais importantes no universo de cyber security.
Por muito anos, as equipes de TI usaram as famosas VPNs (Redes Privadas Virtuais) para garantir acesso remoto seguro dos usuários. Porém, as VPNs possuem limitações tecnicas que não permitem atender a todas as necessidades de segurança e escalabilidade.
Graças ao aumento do home office e o uso de soluções baseadas em nuvem, capitalizaram e aceleram a adoção do modelo de Zero Trust. Isso fez com que o ZTNA não fosse relegado apenas a uma tendência passageira, mas sim, se tornar um novo padrão de segurança quando o assunto é conectividade.
O ZTNA garante um acesso seguro a aplicativos privados sem expor os usuários à rede ou os sistemas à internet. Diferente da VPN, que cria um túnel direto entre o usuário e a rede da empresa, o ZTNA verifica quem está acessando e de onde, liberando apenas o que for necessário, reduzindo riscos de invasão.
Suponha que um funcionário precise acessar um servidor de banco de dados da empresa, mas tenha permissão apenas para o servidor A, localizado no endereço 192.168.1.1. No entanto, dentro do mesmo segmento de rede, há outros servidores, como o servidor B (192.168.1.2) e o servidor C (192.168.1.3).
Se ele se conectar via VPN, mesmo que sua permissão seja restrita ao servidor A, ele ainda terá um nível de "acesso" aos demais servidores, pois todos compartilham a mesma rede. Isso pode representar um risco de segurança, dependendo da configuração dos controles de acesso.
Para ilustrar, imagine um prédio de 12 andares, onde cada andar possui três apartamentos. Você precisa acessar o apartamento A no décimo andar, mas, ao entrar no andar, inevitavelmente terá "acesso" ao corredor que também leva aos apartamentos B e C. Mesmo que você não entre neles, sua simples presença no andar já implica um certo nível de proximidade.
As soluções tradicionais de VPN se assemelham ao exemplo apresentado anteriormente: ao conectar-se, o usuário ganha acesso a toda a rede, mesmo que sua permissão seja restrita a um único recurso.
Já a solução de ZTNA (Zero Trust Network Access) funciona de maneira diferente. Em vez de permitir o acesso ao andar inteiro com visibilidade para o corredor e outros apartamentos, seria como utilizar um elevador exclusivo, que leva diretamente ao apartamento A, sem permitir que o usuário veja ou tenha qualquer contato com os apartamentos B e C.
Essa abordagem minimiza a superfície de ataque e garante que os usuários só possam acessar os recursos específicos para os quais possuem permissão, reforçando a segurança do ambiente.
O ZTNA é um modelo que ajuda as empresas a protegerem seus ativos em ambientes distribuídos e baseados na nuvem. Nos últimos anos, as empresas passaram a espalhar seus dados, aplicativos e serviços por várias plataformas em nuvem, tornando as estratégias tradicionais de segurança "castelo e fosso" ineficazes. A segurança de perimetro não pode mais ser limitada a um único local, grupo de usuários ou dispositivos.
Muitas organizações estão adotando o modelo de zero trust, onde o acesso nunca é presumido e é concedido apenas quando necessário, com base em políticas de segurança rigorosas. O ZTNA é uma estratégia dentro desse modelo, que garante acesso seguro e direto a aplicativos internos para usuários remotos sem expor a rede como um todo.
O ZTNA é um conjunto de tecnologias e políticas projetado para conectar usuários remotos a aplicativos internos de forma segura, minimizando riscos. Ele opera sob um modelo de confiança adaptável, garantindo que o acesso nunca é presumido, sendo continuamente verificado a cada solicitação. Os usuários recebem apenas as permissões essenciais, garantindo que o acesso seja concedido apenas quando necessário. Além disso, políticas detalhadas definem regras específicas sobre quais recursos cada usuário ou dispositivo pode acessar.
O modelo Zero Trust parte do princípio de que nenhum usuário, dispositivo ou rede deve ser confiável por padrão, mesmo dentro do perímetro da organização. Isso implica uma avaliação contínua, em que cada solicitação de acesso é analisada antes da aprovação; sessões de curta duração, garantindo que logins, conexões e tokens de API expirem rapidamente; e verificação constante de identidade, exigindo que usuários e dispositivos provem suas credenciais repetidamente.
O ZTNA é um componente essencial do modelo Secure Access Service Edge (SASE), que integra acesso seguro para usuários remotos, firewalls NG com controles avançados de segurança, SD-WAN para conexões de rede seguras e de alto desempenho, além de outros serviços de segurança em nuvem para proteger ambientes baseados na nuvem.
Ao impor controles de acesso rigorosos e monitoramento contínuo, o ZTNA ajuda as organizações a proteger aplicativos e dados em um mundo onde os funcionários trabalham remotamente, utilizam diversos dispositivos e se conectam tanto a redes confiáveis quanto não confiáveis.
"Não confie em ninguém, a menos que possam provar que são confiáveis."
Essa é a principal filosofia por trás do ZTNA. Embora possa parecer um método exagerado, essa é a única maneira inteligente de proteger sua rede, garantindo a segurança de seus usuários, aplicativos e dados.
Muitas empresas acreditam que manter o acesso restrito dentro da rede é suficiente para protegê-la. No entanto, esse modelo já não atende aos desafios atuais de segurança. Com o trabalho remoto e o uso crescente de soluções em nuvem, os ataques cibernéticos se tornaram ainda mais frequentes. Se um invasor consegue acesso à sua rede interna, ele pode facilmente explorar todos os seus recursos.
As três funções essenciais do ZTNA incluem verificação contínua, onde toda solicitação de acesso, seja interna ou remota, é analisada com base na identidade e no contexto do usuário; aplicação de políticas, que define regras e condições determinando quem pode acessar recursos específicos; e monitoramento e análise, garantindo o registro e a avaliação de todas as tentativas de acesso para assegurar que as políticas de segurança estejam alinhadas às necessidades do negócio.
Com o ZTNA, sua aplicação se mantém protegida, independentemente de onde seus usuários estejam, garantindo controle total sobre quem acessa seus dados e sistemas.
Como o ZTNA Funciona?
O ZTNA estabelece uma conexão segura entre os dispositivos dos usuários e os aplicativos corporativos por meio de um túnel criptografado. Isso permite verificar o status de segurança do dispositivo e garantir acesso apenas às aplicações autorizadas. O serviço ZTNA é responsável por autenticar continuamente os usuários, analisando seu comportamento e credenciais.
Diferente das VPNs, o ZTNA separa o acesso aos aplicativos do acesso à rede. Isso significa que os usuários não têm acesso à rede inteira, apenas aos aplicativos necessários para seu trabalho, reduzindo significativamente os riscos de segurança.
Princípios Básicos do ZTNA
Nunca confie. Sempre verifique.
O sistema exige verificação contínua da identidade do usuário, dispositivo, localização e outros atributos, enquanto tokens, sessões e conexões possuem curta duração, demandando reautenticação frequente para acessar recursos sensíveis.
Monitoramento e observação contínua.
O ZTNA permite que as equipes de segurança monitorem, em tempo real, quais usuários tentam acessar quais recursos, viabilizando uma resposta rápida a ameaças, a detecção de comportamentos anômalos e a limitação do impacto de possíveis ataques.
Acesso mínimo necessário.
O usuário só pode acessar os recursos essenciais para suas funções, reduzindo o risco de acessos não autorizados, em conformidade com o princípio da microsegmentação.
Microsegmentação.
A rede é dividida em segmentos menores e independentes, impedindo a movimentação lateral de invasores, enquanto cada segmento possui regras de acesso próprias, que são continuamente avaliadas e monitoradas.
Principais desvantagens das VPNs
Uso excessivo de recursos.
O aumento do número de usuários remotos pode sobrecarregar os servidores VPN, resultando em lentidão e instabilidade, exigindo que as empresas invistam continuamente em infraestrutura adicional para suportar o tráfego.
Falta de flexibilidade.
A instalação e configuração de VPNs em todos os dispositivos dos usuários pode ser complexa, enquanto o ZTNA permite adicionar ou remover permissões com mais facilidade, garantindo maior agilidade e controle.
Falta de granularidade.
Uma vez conectado à VPN, o usuário possui acesso irrestrito à rede. Já o ZTNA concede acesso apenas a recursos específicos, minimizando os riscos em caso de comprometimento.
Embora VPNs e ZTNA possam ser usados juntos, o ZTNA oferece um nível de segurança superior, exigindo reautenticação constante e restringindo acessos desnecessários.
Aspecto | VPN | ZTNA |
Design | Barreira única (simples) | Múltiplas camadas de proteção |
Acesso | À rede inteira | Apenas a aplicativos e recursos autorizados |
Administração | Verificação simples de conformidade | Controle granular de conformidade |
Gerenciamento de Acesso | Não exige declaração de aplicativos, mas atribuir permissões pode ser complexo | Exige declaração de aplicativos, mas a atribuição de acesso é rápida e eficiente |
Verificação | Única (no login) | Contínua, ao longo da sessão |
Segurança | Baseada no perímetro, nível baixo | Baseada na identidade, nível alto |
Enquanto as VPNs permitem acesso amplo à rede após a autenticação, o ZTNA aplica um modelo mais rigoroso, verificando continuamente os usuários e permitindo acesso apenas ao necessário. Isso torna o ZTNA mais seguro e flexível.
Benefícios do ZTNA
O ZTNA se destaca em relação às VPNs ao oferecer acesso seguro e segmentado a aplicativos e recursos empresariais. Enquanto uma VPN permite acesso à rede inteira após o login, o ZTNA concede acesso somente ao necessário, exigindo reautenticação contínua. Isso torna o modelo mais seguro e eficiente para atender às necessidades modernas das empresas.
Principais Benefícios do ZTNA
1. Segmentação da Rede e Redução da Superfície de Ataque
O ZTNA segmenta a rede corporativa em microsegmentos, impedindo a movimentação lateral de ameaças. Assim, caso um invasor comprometa um dispositivo, ele não terá acesso irrestrito à rede, reduzindo significativamente o impacto de ataques.
2. Aplicações Invisíveis na Internet
O ZTNA cria uma "darknet" virtual, tornando os aplicativos internos invisíveis na internet pública, protegendo as empresas contra exposição de dados, malware e ataques DDoS.
3. Segurança para Aplicações Legadas
O ZTNA protege aplicativos legados hospedados em data centers privados, garantindo o mesmo nível de segurança das aplicações em nuvem.
4. Melhor Experiência para o Usuário
O ZTNA oferece acesso rápido e seguro a aplicativos privados e SaaS, proporcionando uma experiência fluida e consistente para usuários remotos.
Conclusão
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