Nigéria condena nove chineses por fraudes cibernéticas em operação contra sindicato internacional
- Cyber Security Brazil
- 8 de jun.
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Na última quinta-feira, o Tribunal Federal Superior da Nigéria anunciou a condenação de nove cidadãos chineses a um ano de prisão cada, por integrarem um sofisticado sindicato internacional de crimes cibernéticos. A operação, que envolvia o treinamento e recrutamento de jovens nigerianos para executar fraudes online, foi desmantelada em dezembro de 2024 pela Comissão de Crimes Econômicos e Financeiros da Nigéria (EFCC), em uma ação batizada de Operação Eagle Flush. Além dos chineses, a megaoperação prendeu 780 pessoas, incluindo 599 nigerianos e 193 estrangeiros, em um complexo comercial na cidade de Lagos.
A EFCC revelou que os hackers condenados, identificados como Xiang Hui, Hai Rong, Liu Gang, Ji Geng, Li Dong, Huang Bo, Xhiong Zhen, Lai Feng e Deng Qiang, participavam de uma rede criminosa que utilizava tecnologia avançada e técnicas de engenharia social para enganar indivíduos e instituições em escala global. Os crimes incluíam golpes de namoro, romance e falsos esquemas de investimento, além de roubo de identidade. Segundo a investigadora Kaina Garba, o grupo, liderado majoritariamente por cidadãos chineses, recrutava jovens nigerianos, oferecendo salários atraentes, como ₦ 250.000 mensais (cerca de US$ 160), valor acima da média local.
Uma testemunha nigeriana, que depôs no tribunal, relatou como foi recrutada via WhatsApp e submetida a condições de trabalho opressivas. Ela descreveu um ambiente controlado, onde os funcionários eram escoltados por seguranças, proibidos de sair do local e obrigados a entregar seus celulares antes do expediente. “Tentei pedir demissão, mas fui impedida. A prisão pela EFCC foi minha salvação”, afirmou. A testemunha destacou o aliciamento sistemático, com promessas de benefícios financeiros, seguido de coerção para manter os recrutas na operação.
A Operação Eagle Flush revelou a amplitude do esquema, que operava a partir de Lagos e acessava ilicitamente sistemas de computadores para perpetrar fraudes. Além da prisão, cada condenado foi multado em ₦ 1.000.000 (US$ 640) e será deportado após cumprir a pena, conforme acordo judicial firmado com a EFCC. Dezenas de outros cidadãos chineses também foram indiciados, acusados de explorar jovens nigerianos para se passarem por estrangeiros em esquemas fraudulentos.
O embaixador da China na Nigéria, Yu Dunhai, lamentou o envolvimento de seus compatriotas, atribuindo os crimes a “alguns poucos indivíduos” em um país de grande população. Ele defendeu a colaboração entre os dois países, propondo um grupo de trabalho conjunto para investigar crimes cibernéticos e reiterando o compromisso do governo chinês em combater fraudes digitais. Dunhai também pediu que as autoridades nigerianas respeitassem os direitos dos cidadãos chineses presos, incluindo aqueles acusados de exportação ilegal de minerais como cobre e lítio.
A operação expôs a crescente sofisticação dos grupos hackers que operam na Nigéria, um dos principais centros de crimes cibernéticos na África. A EFCC destacou que a ação é parte de um esforço contínuo para desarticular redes internacionais que exploram a vulnerabilidade econômica de jovens locais. O caso também reforça a necessidade de cooperação global para enfrentar o avanço das fraudes cibernéticas, que causam prejuízos milionários anualmente.
Via - RFN
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