Falha mundial no Microsoft Azure afeta companhias aéreas, bancos e grandes empresas — serviço é restaurado após mais de oito horas fora do ar
- Orlando Santos Cyber Security Brazil
- há 6 dias
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A Microsoft confirmou na noite de quarta-feira (29) que restabeleceu os serviços do Azure, sua plataforma de computação em nuvem, após uma falha mundial que deixou fora do ar serviços corporativos, sistemas críticos e sites de grandes empresas por mais de oito horas. O problema, iniciado por volta das 12h (horário de Brasília), também afetou Microsoft 365, Xbox, Outlook, Teams, Copilot e Minecraft, além de diversos sites de empresas como Costco, Starbucks, Heathrow Airport, Vodafone e Alaska Airlines.
De acordo com a empresa, a causa foi uma “mudança inadvertida de configuração” no Azure Front Door, rede de distribuição de conteúdo (CDN) que dá suporte a vários serviços da Microsoft e de seus clientes. A falha causou lentidão, erros de acesso e interrupções em massa. A companhia informou ter revertido a configuração para o “último estado estável conhecido” e bloqueado alterações temporárias até a conclusão das medidas de mitigação.
Segundo a Microsoft, o incidente afetou diversos serviços, incluindo Azure Active Directory B2C, Azure Databricks, Media Services, Microsoft Defender External Attack Surface Management, Microsoft Sentinel e Microsoft Purview. Apesar da restauração, a empresa alertou que “um pequeno número de clientes ainda pode enfrentar instabilidades”.
Empresas de diferentes setores relataram impactos diretos. A Alaska Airlines afirmou que sistemas essenciais, como check-in e emissão de passagens, ficaram fora do ar, recomendando que passageiros buscassem atendimento presencial nos aeroportos.
O Heathrow Airport, em Londres, e a Vodafone, no Reino Unido, também confirmaram interrupções. No Canadá, a Santé Québec suspendeu temporariamente ferramentas de acesso a pacientes.
A falha coincidiu com o anúncio dos resultados financeiros da Microsoft, no qual a empresa destacou que a receita do Azure e de outros serviços em nuvem cresceu 40% em relação ao ano anterior, consolidando-se como o segmento de crescimento mais rápido da companhia.
O incidente ocorre uma semana após uma pane semelhante na Amazon Web Services (AWS), que gerou instabilidade em milhares de sites, bancos e até serviços públicos em diferentes países. O episódio reacendeu o debate sobre a dependência global de poucos provedores de nuvem, que concentram a infraestrutura digital de boa parte das operações corporativas e governamentais.
Especialistas e líderes do setor reagiram com preocupação. Nicky Stewart, conselheira da Open Cloud Coalition, alertou que “a dependência da Europa de dois grandes provedores de nuvem representa um risco sistêmico”, defendendo uma política que promova “um mercado mais aberto, competitivo e interoperável”. Já Mark Boost, CEO da Civo, questionou por que instituições críticas do Reino Unido dependem de infraestruturas hospedadas “a milhares de quilômetros de distância” e pediu investimentos em alternativas soberanas.
Para Matthew Hodgson, CEO da plataforma Element, o problema reforça os perigos da centralização: “Sistemas gigantescos e centralizados — como Azure, AWS, Teams, Slack ou Zoom — são suscetíveis a falhas globais. A verdadeira resiliência vem da descentralização e do auto-hospedamento.”
O ex-diretor da Federal Trade Commission (FTC), Rohit Chopra, também comentou o caso, dizendo que “a extrema concentração nos serviços de nuvem não é apenas um incômodo, mas uma vulnerabilidade real”.
Mesmo com os serviços normalizados, o apagão digital deixou um alerta claro: a dependência de poucos provedores de nuvem pode transformar falhas técnicas em colapsos globais — com impacto direto em negócios, transportes, comunicações e até sistemas de saúde.







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