Demissões em massa por causa da IA podem sair caro: metade dos funcionários já foi recontratada com salários menores, aponta relatório da Forrester
- Orlando Santos Cyber Security Brazil
- há 6 dias
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Empresas que promoveram cortes em massa alegando ganhos de eficiência com inteligência artificial (IA) estão voltando atrás. Um estudo recente da Forrester, intitulado “Previsões para 2026: O Futuro do Trabalho”, revelou que metade das demissões atribuídas à IA provavelmente será revertida, com muitas companhias recontratando discretamente os mesmos profissionais — muitas vezes no exterior ou com salários reduzidos.
A análise mostra que, embora a IA esteja sendo usada como justificativa para reduzir custos, a estratégia tem se mostrado contraproducente. Segundo o relatório, 55% dos empregadores se arrependeram de ter dispensado funcionários por causa da IA, percebendo que as promessas de automação total ainda não se concretizaram. Além disso, 57% dos líderes que investem em IA acreditam que a tecnologia aumentará o número de funcionários, enquanto apenas 15% esperam uma redução real.
A Forrester destaca que o impacto será especialmente visível na área de Recursos Humanos, onde o uso de ferramentas baseadas em IA está crescendo rapidamente. A previsão é de que as equipes de RH possam ser reduzidas pela metade, mesmo que as empresas esperem manter o mesmo nível de serviço com ajuda de softwares de planejamento de talentos e força de trabalho automatizados. Contudo, o relatório alerta: “muitos negócios estão investindo em soluções que apenas parecem inteligentes, sem avaliar se a tecnologia realmente entrega o que promete”.
Em paralelo, a Gartner — outra consultoria global — reforça essa tendência. Em junho, a empresa previu que mais de 40% dos projetos de IA com agentes serão cancelados até o final de 2027, devido a custos elevados, resultados comerciais incertos e falhas nos controles de risco.
Pesquisas também apontam que o desempenho de agentes de IA baseados em modelos de linguagem (LLMs) ainda está aquém do esperado. Um estudo liderado por Kung-Hsiang Huang, pesquisador da Salesforce, mostrou que esses sistemas têm taxa de sucesso de apenas 58% em tarefas simples, como respostas de CRM que exigem apenas uma etapa, além de dificuldades em compreender a confidencialidade dos clientes.
Algumas empresas que adotaram a IA de forma agressiva já estão reavaliando suas estratégias. Klarna e Duolingo, por exemplo, reduziram o ritmo de substituição de funcionários após perceberem limitações operacionais e custos ocultos da automação. Ainda assim, o setor de tecnologia segue com queda constante no número de empregos, enquanto executivos continuam exaltando o uso da IA internamente.
O CEO da Salesforce, Marc Benioff, afirmou em setembro que a empresa cortou 4.000 vagas de suporte ao cliente após implementar agentes automatizados, realocando parte dos profissionais para outras funções. Já a Amazon anunciou recentemente o corte de 14.000 cargos corporativos, citando a “redefinição do modelo de operação” provocada pela IA.
De acordo com a Forrester, a onda de demissões movida pela “promessa da automação” está começando a se mostrar um erro estratégico. Muitas companhias, pressionadas por investidores e pela narrativa de inovação, apostaram na IA como substituta dos trabalhadores, mas agora dependem novamente deles — a um custo humano e organizacional elevado.
Via - TR







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