China acusa formalmente os EUA de tentativa de ciberataque contra Centro Nacional de Tempo
- Cyber Security Brazil
- há 1 dia
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Em um novo e significativo capítulo na crescente "guerra fria" cibernética entre potências, as autoridades chinesas acusaram formalmente os Estados Unidos, no último domingo, de uma tentativa de ciberataque direcionada ao National Time Service Center (NTSC).
O NTSC é um instituto de pesquisa vital responsável por fornecer serviços de cronometragem essenciais para diversas aplicações de segurança nacional na China.
Esta alegação se soma a uma série de acusações mútuas, sendo vista por muitos analistas ocidentais como uma potencial manobra de Pequim para desviar o foco das intensas críticas internacionais às suas próprias operações cibernéticas.
A denúncia surge na esteira de um comunicado conjunto emitido em agosto por agências de inteligência e segurança cibernética de mais de uma dezena de nações aliadas, que responsabilizou três empresas de tecnologia chinesas por campanhas de espionagem cibernética visando infraestruturas críticas mundiais.
O Ministério da Segurança do Estado da China (MSS) alega possuir "provas irrefutáveis" de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA tentou "roubar segredos de Estado e realizar espionagem cibernética" contra o centro de tempo.
O NTSC é funcionalmente equivalente ao Observatório Naval dos EUA. Conforme detalhado pelo jornal estatal Global Times, a equipe nacional de resposta a emergências informáticas da China chegou a publicar uma análise técnica do suposto incidente.
O MSS descreveu o objetivo da campanha dos EUA como uma tentativa de pré-posicionamento dentro do Sistema de Serviço de Tempo Preciso baseado em Terra (AGTSS) do NTSC — que serve como um backup terrestre do GPS nacional chinês — com o intuito final de "desabilitar e sabotar o sistema". Uma investigação chinesa sobre o comprometimento, reportada pelo Global Times, afirmou ter descoberto que a NSA demonstrou tanto "capacidades avançadas de ataque cibernético" quanto "uma falta de inovação genuína".
O MSS enfatizou que as autoridades de segurança chinesas "responderam efetivamente em todas as etapas, garantindo evidências dos ataques cibernéticos dos EUA, cortando as cadeias de ataque, atualizando as defesas e eliminando potenciais riscos de segurança.”
A acusação, no entanto, carece de corroboração por parte de relatórios do setor privado ou declarações de aliados da China, o que a distingue das atividades de hacking detalhadas no comunicado conjunto emitido em agosto contra as operações chinesas. Questionado, um funcionário da NSA declarou que a agência "não confirma nem nega alegações na mídia sobre suas operações", afirmando que o foco principal é "combater atividades malignas estrangeiras que visam persistentemente interesses americanos".
A disputa está inserida em um complexo debate sobre as normas que regem o ciberespaço. Embora o MSS tenha classificado os EUA como um "repetidamente violador das normas internacionais que regem o ciberespaço", especialistas apontam que o direcionamento específico a um serviço com aplicações militares, como o NTSC, pode não ser classificado como uma violação das normas cibernéticas não vinculativas da ONU.
Os EUA, por exemplo, consideram explicitamente a espionagem como uma parte legítima de sua política.
As declarações de Pequim são amplamente interpretadas como uma tentativa estratégica de desviar a atenção das críticas de que seu próprio aparato de segurança viola essas normas, incluindo alegações de repressão a dissidentes e ataques a infraestruturas puramente civis no Ocidente.
Em setembro de 2022, a China já havia denunciado a Embaixada dos EUA após um relatório acusar a NSA de ter como alvo a Universidade Politécnica do Noroeste — considerada pelo Departamento de Justiça dos EUA como "uma universidade militar chinesa fortemente envolvida em pesquisa militar" e, portanto, um provável alvo legítimo para espionagem.
O governo chinês, diferentemente do americano, não admite publicamente seu envolvimento em espionagem estrangeira. Entretanto, o país é alvo de severas críticas no Ocidente por suposto apoio estatal a operações cibernéticas que comprometem a propriedade intelectual e hackers que atacam infraestruturas críticas, visando benefício comercial de empresas chinesas.
Via - TR
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